sábado, 10 de outubro de 2009

EXPURGAR A VISÃO SECTÁRIA DO MINISTÉRIO DE JESUS

Quando nos deparamos com tudo o que vimos durante esses três dias, fica fácil concluir que Jesus vai, com paciência, tentando formar nos discípulos na lógica do Reino de Deus. E, Ele faz isso também com cada um de nós! É por isso que o texto de Marcos demonstra uma instrução direta do Senhor, no sentido de mostrar os valores que devem ser interiorizados por àqueles que querem, verdadeiramente, integrar uma comunidade capaz de realizar o plano de Deus para o mundo;
Na verdade, Jesus apresentou uma série de inserções, inicialmente independentes entre si e pronunciadas em contextos diversos, que depois se entrelaçariam para definir àqueles que pertenciam ou a não à comunidade do Reino de Deus. E, Jesus faz isso para ressaltar que a escolha de aceitar ou não as Suas palavras é sempre nossa!
E, basta olhar o exemplo dos discípulos, para constatar que, apesar da opção inequívoca por Jesus, eles continuavam a mostrar que ainda não tinham conseguido absorver todos esses valores. Para os discípulos, seguir a Jesus era um meio para concretizar os sonhos de poder, de grandeza, de liberdade e de prestígio… Por isso, os discípulos ficam inquietos e ciumentos quando encontram alguém que coloca obstáculos aos seus interesses; alguém que tenta dividir a autoridade e os “privilégios” que eles pensavam ter.
Essa atitude mostra arrogância, intransigência, intolerância, mesquinhez e pretensão de monopolizar Jesus e a Sua proposta. E, tudo isso é a antítese do que é ser um verdadeiro discípulo; pois um verdadeiro discípulo não tem inveja do bem que outros fazem; um verdadeiro discípulo não sente ciúmes quando Deus atua através de outras pessoas. Um verdadeiro discípulo não pretende ter o monopólio de Jesus e se esforça todos os dias, para testemunhar os valores do Reino de Deus; um verdadeiro discípulo se alegra, verdadeiramente, com todos os sinais da presença do Senhor, onde quer que eles apareçam.
Olhando tudo isso, afirmo que o maior erro daquele grupo é algo que se perpetua até hoje: Eles desvirtuaram a mensagem evangélica de Jesus; eles queriam limitar a ação do Senhor. E, desvirtuar a mensagem do Senhor é não reconhecer que o agir de Deus acontece em qualquer lugar. É exatamente por isso que o agir de Deus nos leva a buscar a verdade; pois, o agir de Deus procura transformar a verdade no elemento essencial do nosso caminhar ao lado do Senhor Jesus; mas a escolha é nossa! É por isso que Jesus procura fazer com que os ultrapassem esta visão sectária e egoísta da Sua missão e do Seu Ministério.
E, ao fazer isso, Jesus traz para a nossa vida hoje uma grande mensagem: Não se preocupe com o que os outros estão fazendo; tome suas escolhas; tenha a consciência que Deus vem para todos que estejam dispostos a abrir o coração para que Ele entre, tome posse e possa agir livremente. O Senhor Jesus vem para todos que busquem ser adoradores em espírito e em verdade. Ou seja, a decisão esta em nossas mãos! Até porque a porta do coração humano só tem maçaneta pelo lado de dentro.
E, isso demonstra que a comunidade de Jesus não pode ser uma comunidade fechada, exclusivista, monopolizadora, que se ressente e sente ciúmes quando alguém de fora faz o bem; nem pode sentir-se atingida nos seus privilégios e direitos pelo fato de o Espírito de Deus atuar fora das fronteiras da Igreja…
Essa é a razão que faz Jesus nos dizer: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14,6). Cristo ao conjugar o verbo “ser”, nos remete ao entendimento de Ele e, somente Ele, tem a qualidade e modo de existir perfeitamente conjugado com Deus; ou seja, Jesus tem a natureza de Deus e co-existe de forma pacífica e complementar com Deus.
Por isso, tendo a inabalável certeza de que todos nós fomos, nominalmente, chamados por Ele para cumprir um propósito específico dentro do Seu projeto transformador. E, por conta desse chamado, Ele espera que possamos manter viva e resplandecente “a chama do dom de Deus que está em você (...). Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (II Tm 1, 6-7).

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